quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Ser... às vezes

Ás vezes sinto-me vazia, perdida na imensidão de nada que habita no meu interior. Não há chão sob os meus pés, não há escuridão neste vácuo. É tudo branco, branco como uma folha de papel por estrear, uma folha sem linhas ou margens. Olho os recantos mais remotos do meu ser, mas não há lápis ou caneta. Não tenho como criar nada, não tenho como preencher o nada.

Ás vezes sinto-me perdida,sem saber para onde ir. Sem ter para onde ir. Não há caminhos certos ou errados. Qualquer desejo deles é vislumbre, porque a sua realidade é inexistente.

Tomaram-me as rédeas das mãos, perdi o controlo da minha vida... se alguma vez tive o seu controlo. O tapete que me sustentava foi abruptamente arrancado pelas mãos fantasmagóricas da ironia do destino.

Estou imóvel e despojada de coragem. O meu corpo treme a cada pensamento. A minha mente bloqueia cada emoção. Tento afogar os sentimentos que emergem do fundo do meu ser.

Sou a personificação da vida sem vida. Cada célula do meu corpo tem mil fragmentos de medo. E o medo apoderasse de mim.

É tudo turvo e confuso. Não sei o que quero. Não tenho certezas do que não quero.

Perdida no meio da descoberta. Já não me recordo do que é ser. Perdi a memória de quem sou.

Não sei o que vou ser, quando voltar a ser, se algum dia voltar a ser.













Que os sonhadores nunca deixem de sonhar...
















Sometimes I feel empty, lost in the immensity of nothing that lives inside me. There is no floor under my feet. There is no darkness in this vacum. It’s all white, white as a paper sheet unused, without lines or margin. I look at the most remote recesses of my being, but there is no pencil or pen. I don’t have how to create anything, I don’t have how to fill the nothing.

Sometimes I feel lost, without knowing where to go. Without having where to go. There is no right ways or wrong. Any desire of them is a glimpse, because their reality don’t exist.

They took the reins of my hands, I lost the control of my life… if I ever had the control. The carpet that sustained me was abruptly yanked by the ghostly hands of fate’s irony.

I am still and stripped of courage. My body trembles at every thought. My mind blocks every emotion. I try to drown the feelings that emerge from the depths of my being.

I am the personification of life without life. Every cell in my body has thousand fragments of fear. And fear seize me.

It's all blurred and confused. I don’t know what I want. I have no certainties what I don’t want.

I’m lost in the middle of discovery. I can’t remember what is to be. I lost the memory of who I am.

I don’t know what I will be when I return to be, if ever I return to being.



That dreamers never stop dreaming ...

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Locus

Não posso ficar mais aqui, nesta terra de ninguém.
Tenho de ir, de correr e acreditar. Tenho de me evadir, tenho de me achar.
Tenho sonhos dentro de mim que sozinhos moveriam o mundo.
Tenho esta sede insaciável. Este querer sem dono, esta necessidade de partir, esta vontade de ficar.
Parece loucura e é loucura, não se ter, nem se achar, tanto querer e sempre evitar.
Um dia houve que estive onde queria estar; mas tempo vai-se com o vento. E a gente encontra sempre motivo para debandar.

O fado arrancou-te de mim, levou-te não sei bem para onde... E tu, por vontade própria ou simples ilusão dela, permaneceste no incerto, na neblina indecifrável do vácuo encriptado .

Um dia já estive onde queria estar. Estive em casa, e aprendi que casa não é nenhum lugar.
Queria te ter, e nunca te quis largar. Juntos éramos mais do que humanos, o impossível era o irreal, mas até esse se tornava realidade, porque todo o nosso mundo dependia da nossa vontade.

Esta noite sonhei contigo e soube que tinha de te ver. Porque os sonhos movem o mundo, e a mim move-me a constância.
Vou descalça pela rua, com a esperança às costas e o coração no peito. Sei que ele me levará até ti porque é da essência do teu que ele é feito.









Que os sonhadores nunca deixem de sonhar...









I can't stay here anymore, in this land of nobody.
Ihave to go, run and believe. I have to evade me, I have to find me.
I have dreams inside me that can move the world by themselves.
I have this unquenchable thirst. This want unowned, this need to go away, this desire of stay. It sounds madness and it's madness, I don't have me, neither can find me. Very wanting and always avoid.

There was a day that I was where I wanna be; but time goes with the wind. And people always find a reason to skedaddle.

The fate snatched you from me, took you I don't know where ... And you, on your own will or simply illusion of it, you remained in the uncertain,  in the indecipherable haze of the encrypted vacuum.

One day I've been where I wanted to be. I was at home, and learned that home is not place. I always wanted to have you, and I never wanted you to leave. Together we were more than human, the impossible was unreal, but until that became reality because our whole world depended on our will.

Last night I dreamed about you and I knew I had to see you. Because dreams move the world, and me move me constancy. 
I'm going barefoot down the street, with the hope in my back and heart in the chest. I know he will lead me to you because it is the essence of your it's done.









That the dreamers never stop dreaming...

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Mendacium

É tudo mentira, foi tudo mentira.
São mentira todos os sorrisos, 
São mentira todas as lágrimas. 
São mentira todas as emoções que emergem do nada, e se dissipam em nada.

E nada é verdade.
A verdade prende-se com o momento.
Nalgum momento as mentiras foram indubitáveis verdades,
Que se evadiram com o tempo.


Um sopro de vento determina a sina daqueles que creem,
Enquanto acreditamos tudo é real,
Quando a crença desvanece, nesse momento
A edificação da realidade desmorona-se.


E eu perdido no ceio desta destruição, fito tudo em meu redor
Não restou nada se não poeira.
Deixei de acreditar. Tudo é falso e sujo.
Tudo é obscuro e nublado.


Não há um amanhã iluminado.
Não há uma réstia de esperança para os que querem acreditar,
É tudo mentira, não há como retornar.


Resta a escuridão, restam os moribundos,
Carece nos Homens a humanidade,
Carece no mundo a vontade.


Finda o dia e restam as mentiras…


Mentiras, esta é uma casa de mentiras,
Todos fingem e vivem o fingimento,
Tentam tornar verosímil o falso e o irreal,
Mentem para viver, e acabam a viver para mentir.

Nascem Homens e morrem bestas,
Nascem sãos e morrem podres,
Nascem lídimos e acabam corrompidos.










Que os sonhadores nunca deixem de sonhar...

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It's all a lie, it was all a lie.
All smiles are faked,
All tears are faked.
All emotions are false, they came from nowhere and dissipate into nothing.

And nothing is true.
The truth is conected to the moment.
At some point the lies were indubitable truths,
That bounced over time.

A breath of wind determines the fate of those who believe,
While we believe it is real,
When the belief fades, in that moment
The construction of reality crumbles.

And I'm lost in the middle of this destruction, I face all around me
There's nothing left if no dust.
I stopped believing. Everything is false and dirty.
Everything is dark and cloudy.

There is no bright tomorrow.
There isn't a glimmer of hope for those who want to believe,
It's all lies, there is no return.

There remains the darkness remain the dying,
Men lacking in humanity,
The world lacks the will.

Ended the day and left the lies ...

Lies, this is a house of lies,
All of them pretend and live pretending,
They try to make plausible the false and the unreal,
Lie to live, and end up living to lie.

They are born Men and die beasts,
They are born healthy and die rotten,
They are born original and end up corrupted.










That dreamers never stop dreaming ...


sexta-feira, 7 de agosto de 2015

L'amour

Amo-te. Amo-te como nunca amei ninguém.
Amo-te hoje como não te amei ontem.
Amo-te hoje como não te amarei amanhã.

Dei tempo ao tempo. E fui-lhe dando tempo.
O tempo passou.
Passou o tempo, mas não passaram as memórias. Essas mantêm-se imaculadas.

Corri e esgueirei-me por entre as incertezas.
Amarrei-me às poucas certezas, e até mesmo essas se desvaneceram.
Certezas incertas.

Desejo palpitante de agaturrar a verdade.
Aquela que seria a minha indubitável verdade.
Essa ânsia que me consumia esporadicamente de modo permanente.

Entre o amo-te e o não te quero,
Lá fui saltitando.
Umas vezes amando sem querer,
Outras querendo-te sem saber.

Apostei com os rios e vales,
Fiz promessas às estrelas e aos mares.
Mas por mais que fizesse,
Tudo o que fizesse era exíguo para te largar.

Aceitei a incerteza, porque de tudo era o mais certo,
E deixei-me esvoaçar com o vento.
Empurrando-me lentamente cheguei ao agora.

E agora eu sei,
Que te amo,
E que sempre te amei.














Que os sonhadores nunca deixem de sonhar...
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I love you. I love you like I've never loved anyone before.
I love you today as I didn't loved you yesterday.
I love you today as I don't will love you tomorrow.

I gave time to the time. And I was giving it time.
The time has passed.
Time passed, but didn't pass the memories. These remain pristine.

I ran and I crept through the uncertainty.
I tied myself to the few certainties, and even those faded.
Uncertain certainties.

Throbbing desire to grasp the truth.
The one that would be my indubitable truth.
This yearning that consumed me sporadically in permanently way.

Between the "I love you" and the "I don't want you",
There I was hopping.
Sometimes loving inadvertently
Other times wanting you unknowingly.

I bet with rivers and valleys,
I made promises to stars and seas.
But as much as I did,
All that I did, was narrow to drop you.

I accepted the uncertainty because of all, it was the righter,
And I let myself fluttering in the wind.
Pushing me slowly got to now.

And I know now,
That I love you,
And I always loved you.














That the dreamers never stop dreaming ...

terça-feira, 28 de julho de 2015

Metus

Na vida ou se ganha ou se perde,
ou se perde e ganha, mas nunca há meio termo.
Nem termo do meio.
Porque não conseguimos viver sem nos envolver,
E quando nos envolvemos, nos enrolamos, nos unificamos com a nossa vivência,
A intensidade não pode ser desintegrada, não a conseguimos dissociar...

E se vivemos, então arriscamos a cada segundo...
Arriscamos todo o nosso pequeno mundo.
Não o podemos evitar...

Quando me perguntavam qual era o meu maior medo,
Respondia sem muito a pensar, perder.
Perder os que amo, primeiramente.
Perder-me a mim mesma, com o tempo.

Agora só temo não encontrar.
Não encontrar as respostas,
Não encontrar a trâmite,
Não me encontrar a mim.

Não encontrar é quase como perder,
Só que mais difuso...
Acho que é o que se teme quando já se perdeu muito...
Quando já perdemos muito, acabamos por espera-lo,
Sabemos que tudo é finito, sabemos mesmo,
Não que há essa possibilidade. Temos essa certeza.
Deixamos de temer essa perda incontrolável,
E passamos a temer a possibilidade de morrermos antes da morte.

Está escuro neste canto,
A rua é gélida, queima a minha pele de papel,
Não sei como vim cá ter, não sei como hei de cá sair.
A calçada disforme aleija os meus pés descalços à medida que a percorro.

Não sei onde estou. Não sei quem sou.
Esta amnésia tão consciente de si mesma,
Esta cegueira tão focada,
Impedem-me de ver para lá da neblina que me rodeia.

Subitamente, não sinto se não um formigueiro,
Quente, pequeno, quase imperceptível, percorre o meu corpo imóvel,
Imobilizado pelo temor.
Sinto-me presa dentro de mim. Estou presa dentro de mim.

A rua estreita-se ao meu redor.
Vai-se fechando à medida que a minha vontade de escapar inflama.
Ardem-me os olhos, escorrem-me as lágrimas.
Não sei em que mundo estou.
Não distingo o real do ilusório.

Perco-me na respiração.
Não tenho se não coração.
Morri. Estou morta.

Abro os olhos devagar.
Olho em meu redor. Sei onde estou.
Sei quem sou.

Desta vez, encontrei.

















Que os sonhadores nunca deixem de sonhar...


quarta-feira, 22 de julho de 2015

Obrepserit...

Surpresas.

As surpresas estão em todo o lado, são como o vácuo, sempre presentes, mas somente notadas quando emergem de lado nenhum; quando isoladas da nossa recorrente normalidade.
Mas nem todas as surpresas são boas, como usualmente, os nossos pensamentos automáticos nos sugerem.

Há surpresas, surpreendentemente desagradáveis. Acontecimentos, momentos, lugares, coisas, pessoas... PESSOAS!
As pessoas, são sem dúvida a maior surpresa com que nos podemos deparar. Por mais óbvias que pareçam, paleiam por detrás de um manto da invizibilidade alíquotas inimagináveis, surpreendentes.

Vivi pouco, mas no pouco que vivi, tive a oportunidade de surpreender, de me deixar surpreender e de ser surpreendida. Umas boas, outras más, mas todas surpresas.

Não tendo a deixar que as pessoas me surpreendam relativamente ao pó de estrelas de que são feitas. Mas há coisas incontroláveis, e por vezes cegamos continuando a ver. Vemos as coisas da forma tão nítida no ponto em que focamos, que nos olvidamos de olhar a periferia, as sombras onde o desconhecido se amora.

Esta cegueira com olhos de águia protela-se no tempo, até que o tempo se estreita, ou parece estreitar-se. E neste momento as pessoas surpreendem. Surpreenderam-me.

Há coisas inimagináveis, inexpectaveis, mas que acontecem quando menos esperamos.

Não sei se fui eu que não vi ou se não quis ver, porque, às vezes a verdade dói. Dói não por ser verdade, mas por não ser o espectável. Dói porque no fim, aquilo que era a nossa inerente verdade, resume-se a uma mentira. A uma mentira auto-relatada.

Não sei se fui eu que não vi ou se não quis ver, ou se foste tu que deveras mudaste. O que mais temo, é que sempre assim o tenhas sido, e eu ingenuamente tenha acreditado naquilo que vi... cegamente.

Dizem, pelos cantos e esquinas, que máscaras não se sustentam eternamente, que um dia desprendem-se e caem. Hoje foi o dia. Hoje a tua caiu.

Agora olho e vejo, percebo o que outrora fui incapaz de perceber... é triste que as coisas tenham acabado desta forma. É triste quando se chega ao final da linha e se está só. Parece um deserto, não tens ninguém com quem partilhar as conquistas...

Outro rumor que voa com o vento, é que o universo procura equilibrar as energias, então tudo o que dá-mos, recebemos.
Dá amor e receberás amor. Dá dor, e receberás dor.
Não quero que sintas dor, mas lembra-te tudo o que tu fizeres acaba por se espelhar, mais tarde ou mais cedo... Se escolheres andar sozinho entre a gente, não poderás acabar o dia acompanhado.

E no final, no nosso final, parece que foi tudo mentira...
Parcialmente, mentira.
Eu cumpri o que tinha de ser cumprido.
Faltou cumprir-se a nossa posteridade.

















Que os sonhadores nunca deixem de sonhar...

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Quando não estiver mais aqui

A vida é um correrio. Andamos freneticamente de uma lado para o outro, sempre com a mente ocupada, sem espaço para sonhos e projecções, porque tudo o que nos rodeia exige demasiado.

Esquece-mo-nos de aproveitar aquele gratuito pôr-do-sol, em detrimento do preenchimento daquela papelada enfadonha que nos acossou até casa.

Esquece-mo-nos do sabor daquela limonada,
Esquece-mo-nos da sensação daquele abraço apertado no final do dia,
Esquece-mo-nos do frescor da brisa marítima,
Esquece-mo-nos do gélido chão de mármore,
Esquece-mo-nos do calor da lareira de Inverno.

Esquece-mo-nos de parar. Esquece-mo-nos de viver a vida enquanto é nossa. Enquanto ainda temos tempo de vive-la.

Somos soberbos, achamos que nunca há um amanhã.
Corremos fugazmente por entre os corredores da vida.
Desatentamos aos pormenores.
Esquece-mo-nos de amar.
Dá-mos importância a quem não importa, ao que não importa.
Esquece-mos a inquestionável importância dos importantes.

Mas um dia há, em que tudo finda, e a nossa mera existência não é excepção, mas antes a regra...

Um dia tu não vais estar mais aqui...

Um dia eu não vou estar mais aqui...

Mas  tudo continuará da mesma forma.
A pequenez humana marca a diferença enquanto é o receptáculo da vida e com ela molda o mundo, quando este se esvazia, o seu valor parece esvair-se com ele

Quando não estiver mais aqui, a Terra continuará a girar

Quando não estiver mais aqui, os pássaros continuarão a cantar

Quando não estiver mais aqui, as estrelas estarão lá no céu

Quando não estiver mais aqui, o dia e a noite continuarão sincronizados

Quando não estiver mais aqui, rios continuarão a correr para os oceanos

Quando não estiver mais aqui, o sol continuará a brilhar

Quando não estiver mais aqui, as flores continuarão a florir

Quando não estiver mais aqui, as crianças continuarão a correr

Quando não estiver mais aqui, as varinas continuarão a pregar

Quando não estiver mais aqui, o resto do mundo continuará a correr freneticamente

Quando não estiver mais aqui, quando não estiver mais aqui...

Quando não estiver mais aqui, tudo continuará como está, menos eu. E eu sendo apenas eu, não marcarei essa indubitável diferença que todos almejamos suscitar, esse clamor da espécie humana, essa vontade de que sintam a nossa falta, quando não estivermos mais aqui. Alguns sentirão, mas a efemeridade da vida é transcendente, propagando-se para as esferas da existência.

Um dia, os que cá ficam olharão para o passado e se espreitarem bem, lá nos encontrarão, sentados num banco de jardim a rir sem razão, a beber uma bica e a contemplar a intemporalidade 
do momento finito.













Que os sonhadores nunca deixem de sonhar...

domingo, 31 de maio de 2015

À distância...

Hoje estou ao teu lado e sei disso,
Sinto-te perto, porque estou perto.
A minha mão perto da tua,
A tua alma ao lado da minha.

Sentados no sofá, ou no banco de jardim,
Entre milhares de risos, lá se vão escapando os desabafos
Os desabafos da alma, da vida.
Eles voam com o vento, mas ambos sabemos que se eternizarão entre nós.

Hoje estou aqui, e sei que tu também.
Partilhamos a mesma brisa suave,
O mesmo pôr-do-sol.
Baloiçamos intemporalmente, naquele baloiço de jasmim.

Hoje estou feliz. Sei que tu também.
Não são precisas palavras. Há coisas que são ditas antes de se dizer. Que se sabem, antes de se saber.

Mas o tempo passa e o agora não se propaga,
O hoje finda, inelutavelmente,
E o amanhã é uma imensidão de incerteza.
Não o prevejo, não o sinto, não o sei.

Amanhã poderás não estar mais aqui.
Poderei não estar mais aqui.
Amanhã poderá ser apenas o dia depois de hoje,
Ou daqui a semanas, meses ou anos...

O nosso amanhã é imprevisível e incontrolável...
O que ele acarreta, também...

Não sei se nesse amanhã, saberei tanto de ti, se te sentirei tão perto, se te terei tão perto.
Nesse amanhã, não sei onde estaremos, o que faremos...
Nesse amanhã, não sei no que acreditaremos, o que sentiremos...
Nesse amanhã, espero que vivamos.
Não interessa se estás na porta do lado, o do outro lado do oceano.

Nesse amanhã, sei que não te lembrarás de mim todos os dias, nem todas as semanas, e muito provavelmente nem todos os meses. Também não é preciso.
A vida encarregar-se-à de nos arranjar entretenimento para a alma, que nos consome constante e incansavelmente.

Não há necessidade de te lembrares sempre de mim.
Não precisas de te lembrar de mim.

Mas... se o fizeres, fá-lo com o coração.
Lembra-te da luz que te trouxe,
Da escuridão que te levei.
Dos risos que trocamos,
Dos momentos que vivemos.
Das loucuras inesquecíveis.

Mas acima de tudo, lembra-te do que fomos. De tudo o que construímos. De tudo o que formamos.
Dos longos dias de sol.
Das poucas noites de luar.




Tenho saudades do que ainda está perto,
Sinto falta daquilo que ainda tenho.




Esquece-me todos os dias.
Lembra-te amanhã do que sentimos hoje.




Eu por cá, irei-me esquecendo e relembrando. Não todos os dias, não todas as semanas. Provavelmente, não todos os meses.

Mas, passe o tempo que passar, irei adorar-te interruptamente.

Levo-te comigo para todo lado, carrego-te no coração.


Haja o que houver,
Passe o tempo que passar.
Dê a Terra as voltas que der.
Mas eu com continuar a te adorar.


À distância...













Que os sonhadores nunca deixem de sonhar...

sábado, 23 de maio de 2015

Nunca te abandono

Sou um sopro de vento.
Sem dono, sem lugar, sem amarras.
Vou e venho como o pêndulo do relógio, mas sem a sua desconcertante ritmacía.
Sem a sua certeza e suavidade. Sem constância. 

Dou por mim, múltiplas vezes, a esgueirar-me pelas entrelinhas, a vaguear por entre os sonhos, e a sonhar escondida da realidade.

Move-me a vontade. Aquela incontrolável vontade de abarcar o mundo. Como se o mundo pudesse ser abarcado.

Devaneio de olhos abertos, mas abertos sem ver. Momentaneamente cega, simultâneamente focada.

E de repente não sei onde estou. Não sei como cheguei. Não sei para onde vou.

Agrada-me estar em lado nenhum. Porque estando em lado nenhum, sinto-me em algum lado.
Pertenço a algum lado. E nada é mais reconfortante do que pertencer, nem que seja a lado nenhum...
Desde que se pertença a algum lado.

Sei que me esgueiro muitas vezes.
Sei que saltito freneticamente no espaço entre os segundos.
Sei que corro como uma criança, para o seu mundo mágico.
Sei que desapareço sem aviso, avisando previamente.

Corro e escondo-me atrás dos montes de sonho.
Espreito e riu. Riu como se fosse louca. Riu da minha própria loucura.
E continuo a correr. Sem uma meta. Sem um fim.
Corro porque é mais fácil do que ficar.
Corro para estar e não estar.

Corro pendularmente.

Acabo sempre por voltar para a sanidade.
Para o real.
Para o comum.
Para o mundo dos mortais.

Algo me prende mais do que a magia do meu mundo ininteligível. A nobreza de amar pessoas reais.

Corro pendularmente.
Vou e volto.

Mas nunca te abandono...
...só às vezes...
mas é só um bocadinho...
no fim, volto sempre!









Que os sonhadores nunca deixem de sonhar...

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Nada

Não sinto nada.
Não sou nada.
Não sei nada.

Somente uma imensidão de vazio.
Um nada que é muito, mas um muito sem significado.
Um muito de significados encriptados.

Sou o que sinto. Quando o sinto.
Sou o que sei. Quando o sei.
Sou mim. Quando sou.

Sou um universo de coisa nenhuma.
Um nada cheio de vazio.

Consigo ouvir os meus pensamentos ecoar dentro de mim.
Num eco triste. Sem ouvinte.

Oiço-me a mim mesma. É imperceptível.
É nada.
Não sinto nada.

Mesmo vazio, os sentimentos mostram-se pesados. Densos.
Estão aferrolhados não sei onde. Se calhar em lado nenhum.

Não sinto nada.

Não sei não sentir nada. Estranho não sentir nada.
Mas não o escolho. Apenas o sinto.

Poderia sentir tudo. Mas tudo também seria demasia.
Por outro lado, nada, aparenta ser fácil de sentir.
Mas não é.
Porque não se sente.

E como se pode ser um ser sensitivo sem se sentir? Não se pode.

Não sinto nada. Não sou nada.

Perco-me dentro de mim.
Perco-me no seio do verbo sentir.
Perco-me nas ilusões dos iludidos.
Perco-me nos anseios dos sentidos.

Perco as certezas. Já não sei nada.

Não sinto nada.
Não sou nada.
Não sei nada.












Que os sonhadores nunca deixem de sonhar...

Dor sem glória

Dor.
Eu sou dor. Dor sem glória.
Dor e medo.
Dor com lágrimas.
Lágrimas significativas, mas sem significado.

Eu sou dor. Dor com um aperto.
Um aperto sem dono.
Um aperto sem berço.
Um aperto sem alma.

Eu sou dor. Dor sem orientação.
Dor sem destino.
Dor sem objeto.
Dor constantemente inconstante.

Uma dor consciente da sua própria inconveniência.
Uma dor sabedora da sua própria fortuna.
Uma dor que não mata, mas corroí.
Uma dor sufocante que não sufoca, mas destrói.

Uma dor vívida, que confina a vivência.
Uma dor mórbida que nos limita à existência.
Uma dor fria que engelece a alma.
Uma dor ardente, que consome a calma.


Dor.
Eu sou dor. Dor sem glória.
Dor e medo.

Medo de perder o imperdível.
Medo de não alcançar o inalcançável. (Ou o alcançável.)
Medo de não viver o conjecturado.
Medo de não alcançar o desejado.

Medo de não deixar de ser o hoje.
Medo de não ver o amanhã.
Medo da certeza do incerto.
Medo de nunca chegar.
Medo de nunca poder partir e voltar.


Dor.
Eu sou dor. Dor sem glória.
Dor e medo.
Dor com lágrimas.

Lágrimas trespassáveis. Intocáveis.
Lágrimas visivelmente invisíveis.
Lágrimas secas. Lágrimas desérticas.
Lágrimas que não escorrem.
Lágrimas que se evaporam antes de nascer.

Dor.
Eu sou dor. Dor sem glória.
Dor e medo.
Dor com lágrimas.
Dor efémera.











Que os sonhadores nunca deixem de sonhar...

domingo, 10 de maio de 2015

O Adeus (Uma Última Homenagem )

Há coisas que não se agradecem, porque não há como agradecê-las.

O que vem do coração não é agradecível, não com palavras.
O que vem do coração agradece-se com o que se guarda no coração.
Mas no fim,no fim de tudo, no fim da vida, não dá para agradecer o que vem do coração, com o que se tem no coração.

Já não te posso agradecer como te agradecia.

 Então,  vou-me deixar cair no consuetudinário erro humano. Assim, fica aqui o meu eterno agradecimento. Por TUDO, OBRIGADA.

Obrigada por aquilo que não se agradece.
Obrigada pela tua vida.
Obrigada pelo que deste à minha.

Ao contrário do que muitos dizem, a família não precisa de ser de sangue, basta que seja do coração. E tu sabia-lo melhor do que ninguém.

Obrigada por fazeres parte. 
Obrigada por me deixares fazer parte.

Dizem que a família não se escolhe, mas tu escolheste-me. 
Eu escolhi-te.

Carregas-te-me no coração até ao último suspiro. Carregaste-me no coação toda a tua vida.
Mas isso só quem ama, percebe.

Há fardos que não pesam.
Há tristezas que compensam. 
Há alegrias desmedidas, que se sobrepõem a tudo o resto.

E depois há o amor que é imortal. É a nossa forma de nos imortalizarmos, de nos propagarmos eternamente no mundo.

Amas-te muito. Foste muito amada.

Serás eterna. Aqueles que te amam, eternizarão-te.

Sou de acreditar, que somos feitos de pessoas, de todas aquelas que nos cativam, que nós cativamos. Que amamos. 
Um dia o destino abre-nos um buraco no peito, deixa-nos um vazio.

Hoje o fado arrancou uma parte de mim.
Continuo a ser eu, mas com menos um pedacinho.
Sei que um dia a falta desse pedacinho, vai deixar de doer, ou doer menos. 

E nesse dia sei que nos reencontramos, apesar de estarmos em lados opostos do universo.


Não sei qual é o destino desta viagem, mas sei que terá sempre espaço em mim. Prometo torna-la imperecível no meu coração.


Até sempre Miinha! heart emoticon

quarta-feira, 29 de abril de 2015

O tempo

O tempo.

Ele não pára nem por um segundo, porque um segundo é tempo.
Estranhamente, ele passa, mas nem sempre o vemos passar.
Deve ser das poucas coisas que não vemos passar. Ou a única.

Deixei os anos passar por mim sem os contar, sem os ver, sem os sentir.
Fiquei imóvel e empedrada.
Estagnada.

Encolhi-me num canto, num simples recanto da vida, à espera de permanecer intocada.
Quase consegui.
Até porque parei de sentir o tempo.

Parei no tempo.

Mas o tempo não parou em mim.


Ele correu, como um riacho corre rumo ao seu destino.
Se é que tempo tem destino.
Mas seguiu o seu caminho.
Se é que tempo tem caminho.
Ou rumo. Ou o que seja. Até porque uma coisa é certa: ele não pára.

Soltei-lhe as rédeas e ele lá foi.
Trouxe umas coisas, mas cobrou por elas. Ou eu deixei-o cobrar.
Trouxe mas levou.
E trará novamente, se assim for o seu percurso. Se assim o quiser, se assim o desejar.
Ele manda. Ele é intemporal.

Mas o mais estranho, é como tudo parece não passar de um sonho (ou pesadelo) quando paramos, para não parar no tempo.
Quando paramos o que sempre fizemos correr.
Quando paramos para sentir.
Quando paramos para ver. O tempo.

E o que se lhe apega. Ao tempo.

E não sei. Ou sei. Mas gostaria de não saber.

Vem aquele apertosinho em pésinhos de lã, que mexe e remexe no nosso peito.
Não arranca pedaços, nem pedacinhos, mas é quase como se os deixa-se soltos.
Descompacta-nos por dentro.
Deixa-nos sentir.
Obriga-nos a sentir.
Até o que não queremos.
Principalmente o que não queremos...

Vem também um nó na garganta e um brilho cortante no olhar.
O nó não é grande, mas está lá.
O brilho cortante no olhar, não arranca lágrimas, mas tem o poder de arrancar.


O tempo arrasta a saudade.
Ás vezes acho que são o mesmo.
Será que são sinónimos? Talvez... numa outra dimensão.

Outras vezes, mais do que saudade traz a consciência.
A consciência, a sensação de dormência prolongada, e a consequência de tudo o que queríamos e que deixamos escapar por entre os dedos.
E mais uma vez, os nós, os brilhos cortantes, e os desprendimentos lá para o meio do peito.


Acho que o tempo, quando nos consciencializamos da sua passagem, traz SAUDADE do que tivemos, do que não tivemos, do que poderíamos ter. Do que fizemos, do que não fizemos, do que poderíamos fazer.


Acho que se pode resumir a isto:



"Sinto longe o passado, sinto perto a saudade."
(Pessoa)








Que os sonhadores nunca deixem de sonhar...

sábado, 25 de abril de 2015

Não tentar, por medo de falhar.

Todo o bicho humano procura ser bem sucedido naquilo ambiciona, ao longo curso da sua existência.

E é assim que deveria ser.


Desejar sem preocupações.
Amar sem limites.
Sonhar sem restrições.
Lutar com todas as forças.



Na génese da coisa, temos em mente somente duas variáveis, não por sermos afortunados com o dom da adivinhação, mas por sermos detentores do dom da observação.
Podemos definir estas duas variáveis como sendo: "o quê", e "o como". 

O " o quê" refere-se ao que nós desejamos, ao estádio mais térreo do desejo.
E "o como", é nada mais nada menos, do que nos termos das condições nas quais queremos esse desejo. Resumidamente, são os modos nos quais esperamos que o nosso desejo se materialize.
Então, se previamente, considerarmos que o nosso "o quê" não se conceptualizará no nosso "como", desistimos. 
Ponto.

E é com este pensamento merdoso (peço desculpa pela expressão) incutido, que nos vamos empurrando e arrastando pelos corredores da vida.
Quase moribundos sorridentes. Aqueles que ainda se atrevem a sorrir.

(Como se fosse possível sorrir quando se é infeliz.)

É quase como suicidar-se para não ter de morrer. Ninguém o faz, obviamente. 
Porque é estúpido. Simplesmente estúpido. 
E será estúpido, se reflectirmos claramente, desistir dos nossos sonhos e ambições por medo de não alcança-los nos termos ou no tempo em que gostaríamos de alcança-los.

Posto isto, acabamos por deixar de o desejar. Não verdadeiramente, como é de esperar.

Mas convencê-mo-nos de que já não queremos o nosso "o quê". Porque estupidamente achamos que não conseguiremos tê-lo no nosso "como".

Mas não tentamos.

Não lhe demos se quer uma oportunidade.
Não nos demos uma oportunidade.

Não podemos ter medo de tentar. 
Não podemos prender-nos dentro de nós, só por haver uma probabilidade de as coisas não se acertarem do modo que queremos que se acertem. 
Porque elas podem ou não. 

E é sempre melhor coisas meias certas do que completamente erradas. 
Mas acima de a tudo, sempre é melhor tentar e falhar, do que ficar amarrado ao "e se..."

Ás vezes precisamos de cair, para podermos andar.
Ás vezes precisamos de interiorizar o medo, para desenvolver a coragem.
Ás vezes precisamos de acreditar para vencer.

E como diria o nosso mui ilustre Pessoa:
"(...)Tudo vale a pena.
Se a alma não é pequena. (...)"

Eu não acredito em almas pequenas. 

(mas isto ficará para outros post, talvez)









Que os sonhadores nunca deixem de sonhar...


segunda-feira, 13 de abril de 2015

Um novo inicio

Sou da opinião de que o sonho comanda a vida. Ele leva-nos a cometer as mais memoráveis das loucuras, e nunca, mas NUNCA mesmo, nos trás arrependimentos. Porque valeu a pena, porque vale a pena. E há-de sempre valer a pena.
Mas às vezes na vida esquecemos-nos de sonhar, tentamos não abraçar a loucura, deixando-nos ficar loucos. 
Ás vezes na vida ficamos com medo de arriscar, porque, factivelmente, podemos perder-nos.
Mas, eis então, que não nos afastamos da nossa zona de conforto, que nos acobardamos no íntimo da nossa própria cobardia; deixando os sonhos para as longas noites de Inverno em que a chuva batendo nos vidros nos embala. E, ironicamente, perdemo-nos.
Acho que foi isso que me aconteceu. Perdi-me. PERDI-ME. Perdi-me do rumo. Perdi-me do sonho. Perdi-me de mim.
Homem sem sonho é Homem sem alma, e Homem sem alma é Homem vazio.
Acho que me deixei esvaziar.
Procuro-me todos os dias, e todos os dias encontro pedaços de mim. Mas não EU.
Foi neste definição do indefinido que decidi criar um blogg, para me libertar, e me reencontrar. Para me comprometer, não com algo, não com alguém, mas comigo.
Se nalguns recantos do meu ser anseio por alguém que o leia, por outro lado, o impulso de escreve-lo veio de mim para mim, para que trace um rumo, para que encontre a pessoa de outrora, para que eu seja EU, e para que o sonho se torne imperecível  dentro de mim.
Se alguém está desse lado, dê sinais de vida.
Eu por cá comprometo-me a escrever pelo menos uma vez por semana. E pode ser que um dia procure por alguém que o leia. Enquanto isso escrevo para mim, para "ti" e para o infinito.






Que os sonhadores nunca deixem de sonhar...